quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Generosidade com a Personalidade de 2010

Alguém concorda que David Fincher foi generoso com Mark Zuckerberg no filme A Rede Social?

Mark nos é mostrado como um estudante comum mas muito inteligente de Harvard. Ele não participa de nenhuma fraternidade nem tem muitos amigos, mas, através da observação e de incrível sensibilidade, consegue captar o que os estudantes esperam de uma rede social.
O filme A Rede Social conta a história não autorizada da criação do Facebook.
Quem interpretou Mark Zuckerberg foi Jesse Eisenberg(na foto acima), ator que já atuou em Zombilândia e em Advertureland(no Brasil, Férias Frustradas de Verão), ao lado de Kristen Stewart.

Já na vida real, Mark Zuckerberg me parece muito mais adulto, não tão nerd e mais... feio!
Isso mesmo. Não que um influenciador tenha que ser bonito, mas convenhamos que Jesse está muito melhor que Mark.

O fundador do Facebook, aos 26 anos foi escolhido como Person of the year (Personalidade do ano) 2010 pela revista Time.

Além de Mark ser a personalidade do ano, o Facebook foi eleito como a melhor empresa para se trabalhar. Segue abaixo um vídeo divulgado pela Time que apresenta um pouco do dia-a-dia e do funcionamento das cabeças da equipe.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


Melanie já não se sentia mais a última bolacha do pacote. Ela não merecia tamanho luxo de perfeições em formato e de gostos apetitosos que satisfaçam quaisquer paladares. Ela não julgava ser de agradável sabor. Não importa qual a bolacha, se a primeira, concorridíssima, ou a última, deixada para trás. Toda bolacha é doce. Todo doce possui sacarose. Toda sacarose causa estímulos a quem a consome. Melanie, em sua própria concepção, não causava estímulos a ninguém. Quem sabe, apenas, estímulos ao suicídio por estar em sua companhia.

Melanie tinha uma pele laranja feito um melão cantaloupe e seus cabelos eram da cor da melancia madura recém talhada na beira da estrada pelo senhor de mãos rudes e joelhos encardidos. Ao menos ela não tinha espinhas. Nariz para abrigá-las é que não faltava. Não nasceu com os olhos verdes do pai, mas em troca ganhou o nariz estrategicamente igual, tanto em tamanho quanto em formato. Ela jamais soubera o nome de quem colaborou com os espermatozóides que lhe deram vida: todos o chamavam de Tucano.

A voz de Melanie era rouca como é a do locutor da rádio antiga do interior do interior, que só sintoniza AM no interior, orando pelos familiares queridos que passaram a habitar o cemitério da cidade, ao lado de seus cônjuges. Seus pés eram desproporcionais para o tamanho de seus peitos e sua altura. 27 cm, 74 cm, 192 cm. Respectivamente.

Quando costumava rir, parecia um cachorro engasgado. Hoje já não se dava mais ao prazer, tamanho prazer causava a quem estava ao seu redor, gargalhando da risada de cachorro de Melanie. Tentou fumar por um tempo, não sabia se para entrar em algum grupo ou se para se esconder de todos eles. Depois de dois anos fumando apenas um terço da carteira que comprava e distribuindo o restante dos cigarros entre as pessoas que encontrava durante o dia, acabou largando o vício, sem nenhuma dificuldade.

Simplesmente não se encaixava em grupo algum. Ou ela não era nerd o suficiente, ou era inteligente demais. Ou muito alta, ou muito magra. Ou não entendia de música, ou sabia muito sobre teatro. Ou suas unhas eram muito compridas, ou muito curtas, ou muito coloridas, ou muito sujas, ou simplesmente o problema era Melanie ter unhas. De todas as formas que Melanie se utilizava para se encaixar em algum grupo, mudando algo em si mesma, nenhuma vingava.

Todos os dias em que Melanie acordava, não se dava de que razão tinha para isso. Para acordar. Não acordava por fome, nem por dor, nem por frio, nem pelo barulho vindo da casa ao lado que os tiros disparados pelo filho do vizinho faziam. Melanie simplesmente acordava. Acordava com fome de vida. Acordava ouvindo o som de sua respiração. Acordava abrindo os olhos para ver o mundo à sua volta. E somente por isso tudo, que para Melanie parecia tão pouco, ela podia se considerar a pessoa mais feliz do universo.

Ela também não sabia ainda que muitas pessoas eram assim como ela, inencaixáveis ao mundo. E todas essas pessoas sem grupo formavam um grupo. Estavam perto, estavam longe, estavam unidas. Mesmo sem saber. Nem Melanie, nem nenhum outro integrante do seu grupo sabe o que lhe espera no futuro. Mas eles saberão.