sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Entre um gole e outro

Seus cabelos loiros não flutuavam como plumas ao vento, mas seus olhos não conseguiam fugir daqueles longos fios enrolados em múltiplos dreads. Sua blusa branca atraía as luzes coloridas da noite, chamando a atenção dele, que se esquecia de si mesmo naquela dança.

A cada gole que ele tomava, maior era sua fixação na garota à frente: a dona da pista de dança. Os diversos pingentes coloridos que ela carregava no pescoço só lhe aumentavam a vontade de tê-la para si. Junto com o balanço de seu corpo, distraída, eles balançavam de um lado para o outro como se atrapalhassem na hora de apertar aqueles tantos botões. Mas sua expressão demonstrava muita confiança e prazer no que fazia, em meio a risadas e movimentos com a cabeça, no ritmo da música.

E ele já nem dançava mais. Quase estático, como que viciado na sua beleza. Com tamanha delicadeza e perfeição, se ele tirasse os olhos dela a imagem à sua frente deixaria de existir, como se acordasse de um sonho bom. Então ele nada mais fazia além de observar cada detalhe daquela belíssima mulher. Seus olhos azuis atrás daquelas lentes de armação cor de petróleo. Sua suave pele branca, contrastando com as sardas sutis abaixo dos olhos e com o vermelho do batom que preenchia seus lábios finos. Seu nariz que, de tão grande, a cada gole de vodka que tomava esbarrava no copo. E complementava seu rosto harmoniosamente.

A cada troca de música ele devorava com os olhos suas unhas compridas, pintadas de preto. A cada movimento descobria uma nova tatuagem em seu braço. Até que, após outro gole, não achou-a mais no comando do som. Ela havia sumido. E então ele sentiu um beliscão, vindo de trás, na sua cintura.

Texto para a disciplina de Português Aplicado à Comunicação II

O Super Pai

Comprar presentes para o meu pai é uma coisa mega complicada.

A maioria das pessoas que tem uma certa intimidade comigo ou que passam algum tempo do meu lado já deve ter me ouvido pedir sugestões de o que dar de presente pra ele. Eis que nesse dia dos pais eu nem pensei direito no presente, não rolou estresse, nem nada. Simplesmente surgiu a idéia!

Talvez eu ter começado uma carta para ele de aniversário, e não ter conseguido terminar, tenha me influenciado E MUITO nesse presente de dia dos pais. E foi bom. Se eu tivesse dado a carta no dia do aniversário dele, não teria tamanho significado. E para o dia dos pais, com todas as pequenas alterações, caiu como uma luva.

Como eu já disse para ele, a carta foi escrita com o coração. E, claro, escrita à mão SEMPRE! Para acompanhar, no maior estilo super-herói, dei uma camiseta em que eu pintei "Super Pai" e estampei o logo do Super Man, acompanhada da inseparável cueca vermelha que todo super-herói precisa. Espero que ele tenha gostado!



" Provavelmente fazia frio naquele inverno de 1964, quando veio ao mundo o super-herói mais importante de todos os tempos: o Super Pai.

Primeiro filho de uma adorável jovem, naquela época, ainda muito ingênuo, não fazia idéia de que estaria cercado por mulheres durante toda a sua jornada. Único filho homem, aprendeu com sua mãe. Dividiria espaço com suas duas irmãs. Viria a casar-se com duas mulheres. E ensinaria duas filhas a viver, passando-lhes toda a sua sabedoria.

O Super Pai também ainda não podia imaginar a importância que viria a ter na vida de todas elas, nem mesmo tamanha admiração que elas sentiriam por ele. Mas duas dessas mulheres têm no Super Pai um exemplo a seguir: um exemplo de carinho, de amor, de força de vontade e de dedicação. Por maior que seja a dificuldade, ele supera e não lhes deixa nada acontecer. Segue à risca seus instintos e põe em prática todos os seus poderes em prol da segurança e felicidade de suas filhas.

E elas, sem demonstrar direito, são gratas a ele para sempre por terem o melhor pai do mundo!

Feliz dia dos pais, pai.

Amanda M. Goltz
07.08.2010 "

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Minha fórmula

E como é estranho perceber que comigo tudo é assim, tão rápido. Quase na mesma velocidade com que me apaixono, o encanto se desfaz e apenas cai no esquecimento. Tão rápido quanto me decepciono, esqueço, e o falso perdão aparece. Falso não por não ser verdadeiro. Falso por não ser planejado nem mesmo refletido. Apenas ignorado. Passado; passou.

Começo a me estudar e percebo fórmulas, como as que lemos e temos de decorar para o vestibular. Difere somente em uma regra, em poucos algarismos: minhas fórmulas são mais mutáveis que a estrutura de um vírus transmissor da H1N1.

Minhas fórmulas se erram e se perdem constantemente em mim mesma a mim mesma. Modificam-se em velocidade maior que a do meu próprio pensamento. E resultam sempre em uma constante, X ou Y, W ou Z. Resultam na constante que sou. Nunca constante. Sempre mutável.