quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Generosidade com a Personalidade de 2010

Alguém concorda que David Fincher foi generoso com Mark Zuckerberg no filme A Rede Social?

Mark nos é mostrado como um estudante comum mas muito inteligente de Harvard. Ele não participa de nenhuma fraternidade nem tem muitos amigos, mas, através da observação e de incrível sensibilidade, consegue captar o que os estudantes esperam de uma rede social.
O filme A Rede Social conta a história não autorizada da criação do Facebook.
Quem interpretou Mark Zuckerberg foi Jesse Eisenberg(na foto acima), ator que já atuou em Zombilândia e em Advertureland(no Brasil, Férias Frustradas de Verão), ao lado de Kristen Stewart.

Já na vida real, Mark Zuckerberg me parece muito mais adulto, não tão nerd e mais... feio!
Isso mesmo. Não que um influenciador tenha que ser bonito, mas convenhamos que Jesse está muito melhor que Mark.

O fundador do Facebook, aos 26 anos foi escolhido como Person of the year (Personalidade do ano) 2010 pela revista Time.

Além de Mark ser a personalidade do ano, o Facebook foi eleito como a melhor empresa para se trabalhar. Segue abaixo um vídeo divulgado pela Time que apresenta um pouco do dia-a-dia e do funcionamento das cabeças da equipe.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


Melanie já não se sentia mais a última bolacha do pacote. Ela não merecia tamanho luxo de perfeições em formato e de gostos apetitosos que satisfaçam quaisquer paladares. Ela não julgava ser de agradável sabor. Não importa qual a bolacha, se a primeira, concorridíssima, ou a última, deixada para trás. Toda bolacha é doce. Todo doce possui sacarose. Toda sacarose causa estímulos a quem a consome. Melanie, em sua própria concepção, não causava estímulos a ninguém. Quem sabe, apenas, estímulos ao suicídio por estar em sua companhia.

Melanie tinha uma pele laranja feito um melão cantaloupe e seus cabelos eram da cor da melancia madura recém talhada na beira da estrada pelo senhor de mãos rudes e joelhos encardidos. Ao menos ela não tinha espinhas. Nariz para abrigá-las é que não faltava. Não nasceu com os olhos verdes do pai, mas em troca ganhou o nariz estrategicamente igual, tanto em tamanho quanto em formato. Ela jamais soubera o nome de quem colaborou com os espermatozóides que lhe deram vida: todos o chamavam de Tucano.

A voz de Melanie era rouca como é a do locutor da rádio antiga do interior do interior, que só sintoniza AM no interior, orando pelos familiares queridos que passaram a habitar o cemitério da cidade, ao lado de seus cônjuges. Seus pés eram desproporcionais para o tamanho de seus peitos e sua altura. 27 cm, 74 cm, 192 cm. Respectivamente.

Quando costumava rir, parecia um cachorro engasgado. Hoje já não se dava mais ao prazer, tamanho prazer causava a quem estava ao seu redor, gargalhando da risada de cachorro de Melanie. Tentou fumar por um tempo, não sabia se para entrar em algum grupo ou se para se esconder de todos eles. Depois de dois anos fumando apenas um terço da carteira que comprava e distribuindo o restante dos cigarros entre as pessoas que encontrava durante o dia, acabou largando o vício, sem nenhuma dificuldade.

Simplesmente não se encaixava em grupo algum. Ou ela não era nerd o suficiente, ou era inteligente demais. Ou muito alta, ou muito magra. Ou não entendia de música, ou sabia muito sobre teatro. Ou suas unhas eram muito compridas, ou muito curtas, ou muito coloridas, ou muito sujas, ou simplesmente o problema era Melanie ter unhas. De todas as formas que Melanie se utilizava para se encaixar em algum grupo, mudando algo em si mesma, nenhuma vingava.

Todos os dias em que Melanie acordava, não se dava de que razão tinha para isso. Para acordar. Não acordava por fome, nem por dor, nem por frio, nem pelo barulho vindo da casa ao lado que os tiros disparados pelo filho do vizinho faziam. Melanie simplesmente acordava. Acordava com fome de vida. Acordava ouvindo o som de sua respiração. Acordava abrindo os olhos para ver o mundo à sua volta. E somente por isso tudo, que para Melanie parecia tão pouco, ela podia se considerar a pessoa mais feliz do universo.

Ela também não sabia ainda que muitas pessoas eram assim como ela, inencaixáveis ao mundo. E todas essas pessoas sem grupo formavam um grupo. Estavam perto, estavam longe, estavam unidas. Mesmo sem saber. Nem Melanie, nem nenhum outro integrante do seu grupo sabe o que lhe espera no futuro. Mas eles saberão.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Desculpa por quê

Eu ia dizer neste post que dá para perceber os finais de semestre da minha da nossa! faculdade através da frequência de postagens do meu blog, mas nem essa desculpa eu posso dar.
Percebi que no final do semestre passado houve o maior número de posts da história do blog de quem vos escreve.

Então digo apenas que estou vivendo, estou pensando. Pra partir pra postagem. Porque, sim, eu estou escrevendo. Quero, antes, amadurecer mais as minhas histórias, para então trazê-las para cá.

E agora, depois dessa desculpa, vou continuar estudando durante essa meia hora que me resta antes de voltar à faculdade, à vida e à prova.

Nos falamos a qualquer rabiscada. Sou das antigas.

E já que o post é de desculpas, desculpem pelo cabeçalho sem gracinha. Estou há tempo para terminar o novo e preferi deixar em branco a deixar aquele velho, pixelado e feio que estava.

Imagem: Times Online

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Teoria do Big Bang

Em um sábado à noite Chris e Chuck queriam transformar seu final de semana em uma Zorra Total. Para isso, sabiam que precisariam da ajuda do Sexo Frágil. Os Amigos se reuniram na Casa das Sete Mulheres, mas faltava a Presença de Anita para completar A Grande Família.

Investigando A Vida Alheia, descobriram que Anita encontrava-se em Uma Pequena Cidade vizinha: ela estava no baile Sobrenatural. Através de uma amiga, A Garota do Blog, ficaram sabendo da sua Separação. Tentando dar uma de Heróis, saíram em busca de Anita na Pequena Cidade.

Na fila de entrada, ainda longe, avistaram Arnold na porta, o segurança que vale por Dois Homens e Meio. Como Todo Mundo Odeia Chris, ele e Chuck foram Barrados no Baile. Machucados e Perdidos, foram logo socorridos pelo Dr. House e levados ao S.O.S. Emergência, onde foram atendidos pela enfermeira Sabrina.

Já curados e conscientes, Os Normais Chuck e Chris estavam prontos para novos Sábados Secretos, sem nem ter idéia da Cilada em que haviam se metido.


Texto para a disciplina de Português Aplicado à Comunicação II feito em dupla com Matheus Bergmann.
A proposta era criar uma narrativa a partir de títulos comuns (nomes de novelas, nomes de bandas, etc.). Nós escolhemos seriados nacionais e estrangeiros, estes com o nome traduzido para o português.
Não ficou um texto exemplar, eu sei, mas conseguimos atingir o objetivo de traçar a narrativa com início, meio e fim em pouco mais de 1 hora de aula. Great.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Trick or treat?!


O Halloween, dia 31 de outubro, é uma comemoração muito comum nos Estados Unidos. Foi levada aos norte-americanos, na verdade, por irlandeses imigrantes. Na véspera do Dia de Todos os Santos, o último dia do verão celta, as pessoas enfeitavam as ruas e suas casas com objetos assutadores, como caveiras e abóboras decoradas, para espantar os espíritos que saíam dos cemitérios para dar uma mordidinha nos corpos dos vivos. Os zumbis!

A data é chamada ainda de Dia das Bruxas por tratar-se de uma festa pagã. Quem festejava neste dia era condenado pela Inquisição à morte na fogueira, história já conhecida por todos. Após muitos anos que a Igreja Católica apropriou-se da festa e cristianizou a data. Foi quando nasceu o Dia de Finados, bela contradição, hein no dia 2 de novembro.

A presença do Halloween no Brasil é bastante recente. Deve-se principalmente à chegada da televisão e aos cursos de língua inglesa, que buscam vivenciar a cultura norte-americana com seus alunos.
Desde 2005, no dia 31 de outubro é comemorado também o Dia do Saci em terras tupiniquins, como forma de valorização à cultura do país.

Mas o povo brasileiro, festeiro que é, só quer saber de sair e beber no feriadão. Nada de doces ou travessuras, o que importa é se fantasiar e dançar a noite inteira.
Para os atrasadinhos, vão algumas dicas de fantasias. Quem já tem a sua, pode aproveitar de inspiração para o ano que vem ou para qualquer outra festa à fantasia! Chega de fantasminhas, bruxas e zumbis.


Pra quem tá a fim de uma peruquinha fácil...
MIA WALLACE, de Pulp Fiction
Porque basta se jogar na camisa branca, na calça escura deixando aparecer a sapatilha, no batonzinho marcado e no perucão chanel com franjinha. Só não pode esquecer de arrasar nas dancinhas all night long.


Pra quem tem um chapéu da estação passada em casa...
ALEX DELARGE, de Clockwork Orange
É só se vestir de branco. Calça e camisa. Põe um coturno nos pés. Bota o chapéuzinho. Ah, e não pode esquecer dos super cílios no olho direito! E tá pronto pra uma noite de muito horrorshow. Se tiver um saqueiro(?) e uma bengalinha estilo, melhor ainda.




Pra quem come quieto e não quer ser encontrado...
WALLY, de Where's Wally?
Camiseta listrada vermelha e branca, calça jeans, gorro listrado nas mesmas cores, óculos e bengalinha. Quer mais fácil e divertido ao mesmo tempo?


Pra quem tá a fim de mudar o cabelo...
DAVID BOWIE
Tem um gelzinho em casa? Então joga esse cabelo pra trás num topetão, pinta de vermelho, faz o raio colorido no olho e coloca a roupa mais estilo que tiver no quarda-roupa. Se quiser misturar as décadas, se joga na sombra azul e põe um tapa-olho que no Halloween tá valendo tudo.


Pra quem tá pensando em se casar... hehehe
A NOIVA DE CHUCKY
Fácil, fácil. Vestido de noiva, jaqueta de couro, coturno nos pés. Faz um olho bem preto, bem carregado. Uma boca também preta. E deixa essa raiz escura crescer!


Pra quem tem corpão (ou coragem!)...
MOULIN ROUGE
Exagera na make, no brilho, nas jóias, rendas e plumas. Só não deixa a cinta-liga de fora, hein.
acho um lusho esse clipe!


Pra quem tá a fim de um topete...
ROCKABILLY
Esse serve tanto para homens quanto para mulheres. E o melhor é que se tu gostar, pode seguir usando depois do Halloween.
Pega uma jaqueta de couro do pai, sobe num saltinho ou põe um coturno, se aproveita das bolinhas, oncinhas, zebrinhas, listrinhas nos vestidos e camisas e põe as tatuagens à mostra! Tudo pronto, abusa no fixador pra deixar o topete de pé a noite toda.



E pra quem quiser entrar mais a fundo no clima Halloween, pega a sua celebrs do momento preferida e mata ela!
Quer mais tendência que Lady Gaga, Pink, Katy Perry, Lindsay Lohan e Madonna zumbis?!

À Primeira Vista de Uma Vida


Menino Deus. O bairro mais antigo de Porto Alegre. O bairo onde está localizado aquele prédio. Alto. Não sabe-se ao certo quantos andares, mas certamente são mais de treze. É no décimo terceiro andar que se encontram, deitados na rede. Serenos. Os dois com os respectivos olhares longe. Não nas estrelas, pois as estrelas já estão sendo visadas por muita gente nessa noite iluminada e aconchegante. Casais apaixonados e solteiros desiludidos já habitam cada espaço possível desses enormes corpos celestes luminosos.

Seus olhos estão focados é no futuro. No passado muito recente, há poucos meses, já unidos, que lhes trouxe ao presente, só os dois, e há de mantê-los juntos.

Arthur, desde criança alto e forte, descendente de família tradicional alemã. Há 4 meses com barba ralinha, por fazer, somente sendo aparada. A palavra simpatia lhe define. Maior não só na altura, tem 25 anos. Miguel, magricelo, tatuado, cabelo escuro que passa da altura das orelhas. Ainda com 24 anos. Tímido e sonhador. O encanto que lhes cercou teve início quatro meses atrás. Acreditam que foi amor à primeira vista. E foi. Mas aconteceu muito antes do que eles imaginam.

Juliana está terminando de calçar a sandália dourada de 14 cm de altura. Ao menos já está vestida. Arthur acha que devia pôr mais roupa. Vestido tão curto assim quase não tem pano para tapar o corpo. Mas a namorada do aniversariante tem de estar bonita, ainda mais em uma noite especial como essa. Arthur já está acostumado a esperar por ela. Apenas coloca uma camiseta, pega um casaco, nem escova os cabelos e está pronto. Mas é porque você é lindo, Arthur. Eu tenho que me produzir para andar ao seu lado.

Do outro lado da cidade, Guilherme envia um SMS para Miguel. “Aniversário de um amigo meu hoje à noite. O Arthur. Passo aí daqui a uma hora”. Quarenta minutos depois, sem vontade, Miguel vai para baixo do chuveiro. Deixa a água escorrer por todo o seu corpo, cansado, sem vontade de sair de casa depois de um dia inteiro de trabalho. Só está fazendo isso pelo amor que sente por Guilherme. O namoro havia passado por uma crise recentemente, então todo esforço era obrigatório. Não podia perdê-lo.

Enquanto Juliana buscava mais uma dose de vodka com energético para os dois, Arthur permanecia entre as rodas de amigos, sempre atento à porta, receptivo e muito educado. Foi neste momento que Guilherme apareceu na entrada, com Miguel atrás dele. Deu um abraço apertado no amigo, parabenizando-lhe e, logo após, apresentou os dois. Arthur e Miguel. Por alguns segundos, que para os dois significou um intervalo de tempo muito maior, hesitaram. Ficaram completamente sem reação, deslumbrados com o que viam. Se viam. Um se viu no outro. Um teve vontade de passar o resto da vida ao lado do outro. Ficaram imóveis. Imaginaram vidas juntas. Caminhos traçados. Futuros. Tudo isso em menos de 5 segundos. Tempo que para eles durou uma eternidade. Quando Juliana retornou com os copos, numa tentativa de cumprimentar Miguel, é que os dois voltaram da epifania por que estavam passando. Ao se aproximarem, para um abraço, era só o cheiro de Arthur que Miguel sentia. Arthur estremeceu quando os cabelos de Miguel passaram perto de sua orelha. Não teve vontade de soltá-lo mais. Mas Juliana já se aproximava para dar um abraço no novo amigo do seu namorado.

Passaram a noite assim, se olhando, de longe. Quando Guilherme beijava Miguel, era em Arthur que o Miguel pensava. Quando Juliana se aproximava, Arthur estranhava aquele corpo tão magro, tão curvado e doce. Feminino demais. Queria abraçar Miguel novamente. Queria sentir sua respiração. Ver o futuro em seus olhos. Sentia falta de barba no rosto de Juliana, mesmo sem nunca ter beijado outro homem. Estava lavando as mãos, quando ouve uma batida na porta. Apressa-se para liberar o banheiro logo, mas leva um susto quando vê Miguel na sua frente, colado em seu corpo. Eles entram no banheiro.

Vinte e um anos atrás. Um menino de 3 anos está brincando, sozinho, aos olhos de seus pais, entre as árvores do Parque Farroupilha. Miguel. Até que aproxima-se outra criança, sorrindo, correndo, e sem convidar, passa a brincar junto com ele. Arthur. Passaram o resto da manhã unidos, sem se importar com os animais em volta, com seus pais ou com os palhaços que passavam tentando vender bolinhas de brinquedo. Se perderam em seus mundos imaginários, apenas os dois.  Os brinquedos foram esquecidos e nada mais importava para eles. Um tinha ao outro. Miguel e Arthur, nesse dia, mal faziam ideia do que viria a acontecer com eles. O futuro que um via no olho do outro, sem se dar conta do que via. Mas gostavam. O que aconteceu com os dois naquele dia, naquele parque, acontece diariamente com todos. Sem maturidade e consciência para ter total conhecimento do que se passa, cruzamos por amores à primeira vista mais de uma vez nas nossas vidas antes deles se tornarem amores de uma vida.

Texto, bastante cru, para a disciplina de Português Aplicado à Comunicação II. A proposta era criar a partir de uma foto de desconhecidos.
Futuro ainda incerto, mas me rendeu um 9.8. Tá valendo.

Foto: BetoMR querido

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"O Cara"

E eis que Paulo encontrou Roberta. Paulo Coelho, não. O Paulo. Somente Paulo. Não interessa o sobrenome de Paulo nessa história.Talvez em outra, mas não nessa. Ok, pare de insistir. Eu não vou contar. Acredito que Paulo nem tenha sobrenome ainda. Ele está recém nascendo.

Está bem. Paulo Klein. Está bem assim? Está satisfeito? Posso continuar a minha história agora ou tem mais alguma dúvida?

Paulo (Klein) encontrou Roberta. Foi em um show. Um show de rock. Pagode não faz show; faz alguma apresentação com algum outro nome, mas não show. No show de rock Roberta foi encontrada por Paulo. E foi salva de sua bolha da mesmisse.

A cada dia com uma pessoa diferente. A cada dia em um lugar diferente. A cada dia chegando em casa em horários diferentes. Mas então ela não fazia sempre a mesma coisa. Não estava no tédio. Roberta fazia sempre a mesma coisa, apenas com pessoas diferentes e em lugares diferentes. As conversas eram sempre as mesmas. O sexo era sempre igual. Saía e chegava em casa sempre depois das 5 horas. O que a mantinha presente no nosso mundo era sempre conhecer gente nova. Era o que ainda lhe motivava. Inconsciente.

Mas, ainda que no tédio, Roberta era feliz. E ela era feliz conscientemente. Roberta nem imaginava que em tamanho tédio a sua vida se encontrava. Até conhecer Paulo.

Roberta era "um cara legal". Não era a mulher mais bonita da noite. Não era também a mais popular. Nem mesmo a mulher que todos os caras queriam. Mas era um cara legal. E ele estava ali. Não interessava como ele era. Bastava ele estar ali.

E o encontro aconteceu.

Foi mais que um cara diferente. Foi o cara. Isso ela não sabia. Ela achava que era um cara diferente, apenas isso, como todos os outros. Mas Paulo tornou-se o cara diferente fixo. Roberta não conhecia mais caras diferentes. Paulo, para ela, era sempre outro cara. Diferente, mas sempre o mesmo. E a ela, Paulo bastava. Era por isso que Paulo não era, já naquela primeira noite, apenas mais um cara diferente. Era o cara.

Roberta, em sua inocência, não sabia ainda que Paulo era o cara. A presença da bolha da mesmisse a deixou em inércia a envolver-se com caras diferentes todos os dias. E isso ninguém explicava. Pois física não se explica. E ela continuava em seu ritmo, absorta ao mundo externo. Ligada apenas aos seus costumes.


Até que Paulo quebrou uma perna. Roberta não sabia que Paulo havia caído da escada. Roberta apenas não compreendia como podia Paulo ter quebrado a perna. E então Roberta saiu. E não encontrou mais Paulo. E encontrou Rafael.

Rafael era, como todos os caras diferentes de Roberta, um cara diferente. Mas o sexo foi outro. Conversa não existiu. Duas horas da manhã estava em casa. Rafael foi um cara diferente estranho. Ou seria Roberta quem estava estranha?

E então Roberta saiu novamente. Encontrou um cara com um só braço. O cara de um só braço foi ainda mais estranho que Rafael, o cara diferente estranho. Com o cara de um só braço não houve sexo, mas Roberta chegou em casa somente no outro dia à noite. O cara de um só braço fez Roberta se dar conta de dimensões que não estavam ao seu alcance enquanto não sabia que Paulo, agora com uma perna quebrada, era o cara. O cara de um só braço não tinha um braço.

Para Dani, "o cara" do cara de um só braço, não importava saber se ele havia perdido o braço em um acidente de carro, em uma máquina de fazer linguiças ou em uma briga de bar por uma garota. O que Dani precisava saber, e entender, era que o cara de um só braço estava, no momento, com apenas um braço. E pronto. Ela devia entender que, por algum motivo, um braço dele não estava ali no momento, sem cobrar justificativas de como seu braço havia sumido, sem tentar colar seu braço de volta com uma SuperBonder, sem tentar lembrar do dia em que poderia, sem perceber, ter arrancado o braço do cara de um só braço. E é isso que Dani estava fazendo.

Roberta, no outro dia, quando chegou em casa, não tentou lembrar se havia quebrado a perna de Paulo. Não quis colar a perna de Paulo, nem mesmo perguntou a Paulo como ele havia quebrado a perna.

Depende agora só de Paulo,o cara, contar ou não a Roberta que quebrou sua perna caindo de uma escada. Ele é quem decide se Roberta deve ou não saber do motivo de sua perna quebrada. A Roberta, nesse momento, não cabe fazer nada.

Sai a conhecer caras diferentes, até encontrar o cara. O mesmo cara. Outro cara. Mas o cara.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pequena crise de identidade.

Posso ter vários tamanhos. Posso ter várias cores. Diferentes texturas. Diversos formatos. Sou usado de mil diferentes maneiras, mas a minha finalidade basicamente é sempre a mesma. E, na verdade, ela não é muito valorizada. Há até quem me renegue, me arranque e me deixe na gaveta. Passo frio, fome, fico na companhia de traças. Abandonado.

Há quem simplesmente nem note minha ausência. Sou arrancado, às pressas, sem querer, em um rápido movimento entre dois corpos. Então fico lá, no chão. No dia seguinte meu lar retorna ao armário e eu continuo no piso frio e sujo. Na semana seguinte me varrem e me esquecem, depois de alguns chutes.

Sou trocado também frequentemente por concorrentes. Me utilizar gera muito movimento. Muita energia é gasta no processo todo. Meu concorrente é puxado em um só toque. Uma força. Leva metade do tempo que levaria comigo. Mas o meu maior pesadelo tem um nome que todos gostam: estilistas, alfaiates, costureiras, modelos e simples usuários. Fico lá, preso, sem nunca ser usado, sem nunca mostrar meu potencial. Prefiro a gaveta, o fundo do armário, a rua chuvosa, o chão sujo. Prefiro estar sempre em uso, sem descanso. Prefiro descascar, ser tingido. Prefiro ser recapado por um tecido florido. Prefiro nem ser utilizado a ser um botão de um bolso falso.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Entre um gole e outro

Seus cabelos loiros não flutuavam como plumas ao vento, mas seus olhos não conseguiam fugir daqueles longos fios enrolados em múltiplos dreads. Sua blusa branca atraía as luzes coloridas da noite, chamando a atenção dele, que se esquecia de si mesmo naquela dança.

A cada gole que ele tomava, maior era sua fixação na garota à frente: a dona da pista de dança. Os diversos pingentes coloridos que ela carregava no pescoço só lhe aumentavam a vontade de tê-la para si. Junto com o balanço de seu corpo, distraída, eles balançavam de um lado para o outro como se atrapalhassem na hora de apertar aqueles tantos botões. Mas sua expressão demonstrava muita confiança e prazer no que fazia, em meio a risadas e movimentos com a cabeça, no ritmo da música.

E ele já nem dançava mais. Quase estático, como que viciado na sua beleza. Com tamanha delicadeza e perfeição, se ele tirasse os olhos dela a imagem à sua frente deixaria de existir, como se acordasse de um sonho bom. Então ele nada mais fazia além de observar cada detalhe daquela belíssima mulher. Seus olhos azuis atrás daquelas lentes de armação cor de petróleo. Sua suave pele branca, contrastando com as sardas sutis abaixo dos olhos e com o vermelho do batom que preenchia seus lábios finos. Seu nariz que, de tão grande, a cada gole de vodka que tomava esbarrava no copo. E complementava seu rosto harmoniosamente.

A cada troca de música ele devorava com os olhos suas unhas compridas, pintadas de preto. A cada movimento descobria uma nova tatuagem em seu braço. Até que, após outro gole, não achou-a mais no comando do som. Ela havia sumido. E então ele sentiu um beliscão, vindo de trás, na sua cintura.

Texto para a disciplina de Português Aplicado à Comunicação II

O Super Pai

Comprar presentes para o meu pai é uma coisa mega complicada.

A maioria das pessoas que tem uma certa intimidade comigo ou que passam algum tempo do meu lado já deve ter me ouvido pedir sugestões de o que dar de presente pra ele. Eis que nesse dia dos pais eu nem pensei direito no presente, não rolou estresse, nem nada. Simplesmente surgiu a idéia!

Talvez eu ter começado uma carta para ele de aniversário, e não ter conseguido terminar, tenha me influenciado E MUITO nesse presente de dia dos pais. E foi bom. Se eu tivesse dado a carta no dia do aniversário dele, não teria tamanho significado. E para o dia dos pais, com todas as pequenas alterações, caiu como uma luva.

Como eu já disse para ele, a carta foi escrita com o coração. E, claro, escrita à mão SEMPRE! Para acompanhar, no maior estilo super-herói, dei uma camiseta em que eu pintei "Super Pai" e estampei o logo do Super Man, acompanhada da inseparável cueca vermelha que todo super-herói precisa. Espero que ele tenha gostado!



" Provavelmente fazia frio naquele inverno de 1964, quando veio ao mundo o super-herói mais importante de todos os tempos: o Super Pai.

Primeiro filho de uma adorável jovem, naquela época, ainda muito ingênuo, não fazia idéia de que estaria cercado por mulheres durante toda a sua jornada. Único filho homem, aprendeu com sua mãe. Dividiria espaço com suas duas irmãs. Viria a casar-se com duas mulheres. E ensinaria duas filhas a viver, passando-lhes toda a sua sabedoria.

O Super Pai também ainda não podia imaginar a importância que viria a ter na vida de todas elas, nem mesmo tamanha admiração que elas sentiriam por ele. Mas duas dessas mulheres têm no Super Pai um exemplo a seguir: um exemplo de carinho, de amor, de força de vontade e de dedicação. Por maior que seja a dificuldade, ele supera e não lhes deixa nada acontecer. Segue à risca seus instintos e põe em prática todos os seus poderes em prol da segurança e felicidade de suas filhas.

E elas, sem demonstrar direito, são gratas a ele para sempre por terem o melhor pai do mundo!

Feliz dia dos pais, pai.

Amanda M. Goltz
07.08.2010 "

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Minha fórmula

E como é estranho perceber que comigo tudo é assim, tão rápido. Quase na mesma velocidade com que me apaixono, o encanto se desfaz e apenas cai no esquecimento. Tão rápido quanto me decepciono, esqueço, e o falso perdão aparece. Falso não por não ser verdadeiro. Falso por não ser planejado nem mesmo refletido. Apenas ignorado. Passado; passou.

Começo a me estudar e percebo fórmulas, como as que lemos e temos de decorar para o vestibular. Difere somente em uma regra, em poucos algarismos: minhas fórmulas são mais mutáveis que a estrutura de um vírus transmissor da H1N1.

Minhas fórmulas se erram e se perdem constantemente em mim mesma a mim mesma. Modificam-se em velocidade maior que a do meu próprio pensamento. E resultam sempre em uma constante, X ou Y, W ou Z. Resultam na constante que sou. Nunca constante. Sempre mutável.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Reflexão em movimento

Ônibus é uma coisa engraçada. Todo esse entra e sai de corpos e energias. E calores. E esbarrões. E cheiros. Esse movimento todo mecânico. Movimento automático. Movimento quase estático. Visto de fora, de longe, é como aqueles desenhos, futuristas no passado, atuais na atualidade: muitos pequenos bonecos desenhados em Paint, um ao lado do outro, todos iguais, que é para seguir o padrão e facilitar a vida do grande boneco que está do outro lado da tela. O que há no interior deles não importa. Como eles se sentem não importa. Eles apenas precisam fazer parte de todo esse movimento para não estragar a pintura, para não despadronizar a obra.

E seguem. Têm de chegar ao seu destino, precisam, senão arruinar-se-ão suas vidas. Seus compromissos serão adiados. Eles serão julgados. Oh, meu deus. E a obra continua intacta, como nem fora planejado, mas aceito.

Até que o violão nas mãos do morador do prédio da esquina, do outro lado da rua, lhe chame atenção maior que seu tédio disfarçado de sono. E então sai de sua atmosfera intensa e pesada para se infiltrar nesse mundo. E se liberta. Passa a notar, com o som de sua música, a tia de vestido florido que está dormindo, encostada na janela. De seus cabelos vem cheiro de cuca de framboesa. Não sabe se a sonolenta senhora tem muitos netos, trabalha em uma confeitaria ou padaria, ou se apenas gosta de deliciosos lanches da tarde. Mas o cheiro lhe agrada.

E avista o cobrador, feito um garotinho orgulhoso depois de seu primeiro gol, a contar o seu tesouro. Tesouro que não lhe pertence, mas que lhe dá orgulho. Representa a ele o comprometimento que tem com a empresa a que trabalha. E assim trabalha feliz. E pára para observar o mocinho com camiseta dos Stones passando as músicas, uma atrás da outra, insatisfeito. Até que o fone direito cai do seu ouvido, e permanece poucos segundos fora. Uma música que lhe agradou e precisa ser ouvida por todos seus órgãos, não somente pelos do lado esquerdo do corpo.

Então nota a garota ao seu lado, escrevendo um bilhete, em um mundo paralelo completamente distante deste. Tenta ler suas palavras, mas as letras se confundem. Tudo se embaralha. O ônibus anda. Bruscamente o motorista freia. Tudo fica claro e silencioso. Ela lembra que tem de voltar ao trabalho.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Inconsciente-popular

Tentar fugir para demonstrar desinteresse quando, na verdade, não passa de medo e insegurança. E sabem disso. E não deixam de tentar fugir.

Quando aprendem, então?

domingo, 4 de julho de 2010

E não pensa que eu fui por não te amar

No ônibus, voltando e ouvindo Los Hermanos gritar nos seus ouvidos. Aposta que estão até olhando para ela, mas ela está usando fones de ouvido e não vai baixar o volume.

Tira o eslástico que prende seus cabelos e pega uns fios cacheados com os dedos. Enrola-os freneticamente, deixando nervosa a senhora que está no banco de trás. Ela percebe, mas não está nem aí. Continua, com mais vontade, como se fosse a sua única saída.

Nota que não é a voz de Camelo que vai ouvir em seguida. As batidas estão mais fortes e Ozzy começa a cantar, mais raivoso do que nunca. Ela não entende, mas aumenta o volume. Se esquece.

Sente vontade de fumar, mas não pode. Maldito ônibus fechado. Pensa em acender um cigarro escondida no banheiro, porém está sentada ao lado de um policial; sabe que se sentiria intimidada na volta. E o policial não desiste de olhar para o lado...

Na rua, as nuvens continuam escuras, mas o sol retorna como o parente que esqueceu o óculos no final da festa. Sua atmosfera é outra. Nem a da rua, nem a do lado de dentro dos vidros fechados.

No ônibus, voltando, ele estava voltando. Ele voltou. O sol já não importava mais. Ele estava ali. O telefone caiu no chão. Ela acordou. Los Hermanos voltou e trouxe sua normalidade de volta. Ela também não voltaria. A viagem terminou. Desceu do ônibus; a bateria acabou; Camelo calou-se. Eu vou pra não voltar é a última frase que ele lhe canta.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Carta a um estranho

não entrego o meu tesouro a todos, a qualquer um;

ele me pertence e dele faço o que quero.
antes, vão as opiniões, os comentários bestas,
as demonstrações de algum sentimento surgem
seja qual for o sentimento...
não o faço por ser tímida, mas gosto de saber com quem estou lidando
pois não são todos que merecem o melhor de mim
e não me chame de egoísta ou arrogante
não, não,
pode ser uma forma de defesa que tenho contra você, que não conheço
ou pode até ser o modo que encontrei para manter você perto por mais tempo, interessado em mim.
talvez não a melhor maneira, mas a melhor que eu encontrei.
isso eu não sei responder direito. ninguém saberia.
sou assim, e o que mais importa?

quero, antes, sentir você
e também preferiria, se eu pudesse escolher, que você não se entregasse a mim sem antes me conhecer
mas conhecer, eu falo, de verdade
felizmente, não posso escolher.
você não teria a sua graça se eu decidisse como eu queria que você se comportasse
e eu quero você com a sua graça!
e engulo-o assim, como você é.

mas lembro-me que ainda nem te conheço...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Pau da Fernanda Young


Adriana decide, depois de adoráveis desencantos, se vingar do seu namorado de 24 anos, 14 anos mais novo que ela.

E a vingança se dá, literalmente, no ponto fraco de todo homem: o pau.

Vale a pena a leitura para muita mulher rir e muito homem temer. hehehe Além de que é uma história curta e gostosa de ler.
Fernanda Young escreve O Pau com o melhor do seu tom ácido e instigante.
Seguem abaixo minhas três frases preferidas do livro, que, na minha opinião, falam mais que qualquer resenha que eu for fazer.


"Se ficar de pau duro fosse bom, nenhum homem se masturbava, é ou não é? E é por se masturbarem tanto que sempre correm o risco de serem pegos."


"Adriana aprendeu ali, de uma vez por todas, vendo seu primeiro amor nu, com uma vagabunda, na mesma cama em que ela, horas antes, havia de entregue a ele, que o amor é realmente cego - até a primeira decepção. E que a visão que renasce, em quem amou cegamente e se viu enganado, tem lentes telescópicas. Da cegueira, você passa a enxergar tudo."

"Fomos criadas para acreditar nisso, que somos sempre vítimas, porque de certa forma ser violentada é mais fácil do que violentar. É como se fosse um último recurso de sobrevivência: vitimizar-se."

sábado, 19 de junho de 2010

Eu me visto para as mulheres...


Tentando traçar um histórico dos meus pensamentos para saber como cheguei a este assunto, logo achei o início. Recebi um e-mail qualquer, desses humorísticos, que a gente lê somente depois de deixá-lo uma semana esperando na Caixa de Entrada, quase que por prazer, ou talvez por vingança que falava sobre como mulheres demoram para se arrumar para um encontro e, em contrapartida, os homens nem ligam para o que elas estão vestindo e muito menos que demoraram tanto tempo para ficarem assim (ok, nem todos os homens, e também nem todas as mulheres mas segue o baile). Já fiquei meio revoltada com esse clichê barato, mas lembrei que era só um e-mail passado adiante para a lista de contatos inteira.

Mais calma, deparei-me no mesmo e-mail com uma frase que gostei. Decidi pesquisar mais à respeito. Aí foi o erro. Ou acerto!

Notei que muito se falava sobre a frase em diferentes blogs, de maneira crítica e, na maioria das vezes, "condenando" a mulher por se arrumar, gostar de se arrumar ou até por se arrumar em excesso(!), levando em conta que os homens não notam.

Peraí, peraí, peraí...
A frase era:
'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens', da Angie Dickinson, atriz americana.

Concordo plenamente com a Angie: quem realmente repara na roupa e na produção de outra mulher é a mulher, mas daí dizer que por isso não é necessário nos arrumarmos, como se nos arrumássemos só por causa do homem que nos acompanha?

Mulheres vaidosas do meu Brasil,
hão de concordar que a nossa auto-estima se eleva e pra caralho quando fazemos uma boa maquiagem, sentimo-nos atraentes quando arrumamos o cabelo, pintamos as unhas. E quanto não vale uma pessoa com a auto-estima em alta?! É saudável e não custa nada.

Eu me visto e me arrumo, do jeito que eu quero, para que eu me sinta bem. Logo, eu me sentindo bem, a pessoa com quem estou está bem também, não necessariamente pela minha estética, mas pelo meu humor, meu alto-astral, justamente por estar bem comigo mesma.

Aí vem aquelas falando que não é só beleza exterior que importa e que há muito mais além disso. Mas é claro que há! E que bom que há. Coitado do Planeta, se tivesse que carregar somente corpinhos bonitos. Coitadas das pessoas que teriam que conviver apenas com corpinhos bonitos ao seu lado.

Não estou defendendo que a mulher deva se arrumar, mas que, se quiser, se arrume, gaste o tempo que for, troque de roupa quantas vezes quiser, até se atrasar uns minutinhos pode. Desde que se sinta bem consigo mesma. Isso é o que importa!

Mas bem... O que importa isso tudo? Afinal, esse texto vai ser só mais um no sistema de pesquisa do Google que faz um comentário crítico à respeito da frase da Angie Dickinson.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dadiane leva e traz sorrisos

Caso alguém não saiba, estudo Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda na Famecos(PUCRS). Estou no primeiro semestre ainda, mal começando, mas já tenho trabalhos e muita leitura.

O primeiro trabalho que requis maior dedicação foi da cadeira de Introdução ao Jornalismo.
Nós tivemos que ler o livro A Vida que Ninguém Vê, da premiadíssima jornalista gaúcha Eliane Brum! e o fiz com muito prazer, diga-se de passagem

O livro é formado por 21 reportagens (que mais parecem crônicas) que, durante o ano de 1999, aos sábados, foram publicados na coluna A Vida que Ninguém Vê da Zero Hora, jornal porto-alegrense.
O tema? Pessoas comuns que não virariam notícia; não são importantes, quase nem são lembradas. Invisíveis aos olhos. Durante a leitura, chorei de verdade e ri alto junto a tão delicada forma de escrever de Eliane.

Após a leitura, nossa missão era incorporarmos a autora.
Cada um deveria procurar uma pessoa qualquer e transformá-la em personagem de uma crônica-reportagem. Eu logo decidi que não pegaria alguém que eu já conhecesse para não facilitar o trabalho. Queria me livrar da timidez que às vezes me consome e aproveitar esse momento repórter, incorporando de vez o jornalismo nesse corpinho que vos escreve.

A primeira pessoa que me veio à cabeça foi algum engraxate da Praça da Alfândega, descartado por ser "clichê" demais, segundo amigos consultados. Pensei também na porteira do meu prédio, mas a dispensei por já conhecê-la, de certa forma. Pensei em um cobrador de ônibus... O cobrador de ônibus!
Só lembrei do cobrador de ônibus quando já estava com as luzes apagadas e com o lençol sobre minhas pernas, pronta para dormir. Peguei a caneta, o caderno, e saí a rabiscar perguntas que me vinham à mente, uma ultrapassando a outra. Estava decidido: a personagem da minha história seria um cobrador de ônibus.

Bem, depois de todas as perguntas bonitas impressas no papel, com espaço para perguntas novas que surgissem, mas com número de perguntas suficientes caso o entrevistado não fosse muito simpático extrovertido, fui à parada!
Esperei o primeiro ônibus que passasse na parada mais próxima da minha casa (a uns vinte passos da entrada do prédio) e, felizmente, um C3 apareceu. Logo depois de cumprimentar a cobradora e ser recebida com um enorme sorriso, perdi o pingo de vergonha que ainda restava e tivemos uma conversa bem legal. Gostei muito da receptividade da Dadiane e agradeço-lhe mais uma vez, aqui.

Bem, vamos ao texto, que eu só publico pois, particularmente, gostei bastante do resultado.

Dadiane leva e traz sorrisos

Dadiane Ferreira, com D mesmo. Dadinha, para que não confundam com Nadiane. Dadiane tem 29 anos e é casada. Não tem filhos. Em sua rotina corrida, deve até faltar tempo para um. De Gravataí a Porto Alegre todos os dias, como muitos trabalhadores. Mas da forma como ela é trazida diariamente de lá para cá, ela também leva de cá a acolá. Dadinha é a simpática cobradora do C3.

Nascida em Porto Alegre, passou a infância com os pais e a irmã mais velha em Gravataí. O pai tubaronense e a mãe santacruzense. Quando criança, seu sonho era “como qualquer menina” diz ela, ser professora. O sonho passou. Hoje é cobradora. O sonho não passou: o sonho apenas modificou-se! Dadinha fala com convicção que seu desejo é ser assistente social. E ela visivelmente tem o dom.

Mesmo ainda não estando no emprego a que realmente aspira, ela gosta da sua profissão. Mas não por ser cobradora de ônibus. Por ser cobradora do C3. O ônibus percorre somente o centro da cidade. O público é outro. É diferenciado. Além dos passageiros já serem conhecidos, sua maioria constitui-se de idosos. Idosos, sim, aquelas pessoas carentes. Mas muito mais que carentes, aquelas pessoas carinhosas. Aquelas pessoas educadas. Aquelas pessoas que não nasceram na época do stress e não vivem apressadas, sem nem olhar nos olhos de quem vê.

No final do ano, passageiros, motorista e cobradora comemoram a chegada do Papai Noel em um happy hour no maior clima natalino. Nos dias de seu aniversário, ela enfeita o ônibus todo com balões coloridos e festejam juntos, ela e seus quase colegas de trabalho. Ela festeja com seus passageiros. E ganha presentes. Não só no seu aniversário, Dadiane ganha presentes o ano todo. Chocolates e enfeites de cabelo são os mais frequentes. E ela esbanja alegria!

Foi parar na Carris através de concurso, como os outros funcionários. E já está há um ano e meio. Nunca trabalhou em outra empresa de transportes, mas já teve outras profissões. E já trabalhou em outras linhas da Carris também. Seu marido era funcionário da empresa, por isso ela decidiu trabalhar lá também. No início, as linhas em que trabalhava não eram fixas. Com o tempo e com a experiência, ela ganhou sua linha. E junto, seus passageiros e seu parceiro de viagem, o motorista. Hoje Dadinha trabalha oito horas e meia por dia, de segunda a sexta. Sempre com o C3. Sempre com o mesmo motorista. E no sábado ou no domingo, ela deixa o C3 para dar uma volta em outra linha. Mas o motorista, ah, o motorista continua lhe acompanhando.

Se ela trabalhasse em uma linha longe do centro, porém, ela não seria a Dadinha que é hoje. Quem faz a Dadinha ser Dadinha é a receptividade e o respeito dos passageiros com que ela convive diariamente. Acordando às 5 horas e indo dormir às 22:30, ela não merece cara feia nem xingamento algum. Nenhum cobrador merece! E há quem ainda chame cobrador de mau-humorado. Cobrador até pode andar de cara fechada, mas não o faz sem motivo. Apenas se defende da cara fechada dos passageiros. Fora do centro, ela afirma que a grande maioria dos passageiros é muito mau-educada. Principalmente os estudantes. Por isso, Dadiane fora do centro não seria Dadinha. Seria apenas uma cobradora de ônibus.

Apesar de Dadiane parecer muito distinta da maioria dos cobradores carrancudos que estão por Porto Alegre, ela tem uma coisa em comum com todos: ela odeia ônibus lotado. "

sexta-feira, 26 de março de 2010

Do coelhinho...

Adoro dar presentes customizados em datas comemorativas e especiais. Claro, se a situação permite!
Há algumas páscoas venho confeccionando presentinhos deliciosos, ao invés de torrar a grana dos meus pais em ovos de páscoa nada a ver e que vem com pouquíssimo chocolate. oi, brinquedos!

Bem, para este ano tive uma idéia após ver o comercial na televisão da Cacau Show do ovo de páscoa Dreams. podem ver AQUI, o menino não é uma graça?! Ele vem com a casca recheada com trufa! Deve ser maravilhoso, como tudo o que eles fazem.

O ovo, pra mim, foi apenas o que lançou a idéia. É um pouquinho diferente o que eu vou fazer. Porém, essa criação vai pro papai e pra mamãe; um para cada. Logo, não tenho como tirar fotos e fazer um tutorial, pois vou fazê-los só na véspera. eu tento fazer um tutorial também, prometo! Mas para dar uma dica aos atrasadinhos que ainda não compraram chocolates, resolvi fazer bombons recheados com cereja e leite condensado para mostrar.

O legal é que dá pra fazer até mesmo em um dia que vem visita (sempre surgem elogios) ou quando simplesmente dá vontade de comer um chocolate diferente e incorpora a 'maria' no corpo.


Bem,
vamos aos INGREDIENTES!
1 barra de 500g de chocolate meio amargo
1 caixinha de leite condensado
cerejas em conserva
e ainda forminhas de bonbom, panela de pressão, congelador e microondas

A primeira coisa a fazer é
pôr a panela de pressão para ferver com água e o leite condensado dentro.
Aqui é delicado! Espera começar a chiar e conta 30 minutos, que ele fica no ponto. Eu deixei 5 minutos a mais e já ficou muito escuro (claro, se preferir mais escurinho, tipo doce leite, deixa 35 ou 40 minutos).
Outra coisa: pode usar o leite condensado de lata ou de caixinha, como preferir, mas se for usar a lata precisa deixar esfriar! Ao abrir, se estiver muito quente, ela pode explodir e queimar o seu rosto (acreditem, eu já me queimei assim). Particularmente, acho muito mais prática a caixinha na hora de rechear os bombons.


Enquanto isso, pode
derreter o chocolate no microondas.
Eu sugiro que diminua a potência para 80%, pelo menos, para não correr o risco de o chocolate queimar e endurecer. Põe uns 2 minutos e, se ainda houver pedaços inteiros, põe mais 1 minuto.
É melhor ter paciência antes, do que correr o risco de estragar o chocolate!

Com o chocolate pronto, pegue as forminhas e, com uma colher de chá,
forre-as com o chocolate.




Agora elas vão pro congelador.
Deixe uns 10 minutos, mas sem abrir-fechar, hein. Quando tirá-las do congelador, aponte contra a luz e veja se não ficou nenhum espaço transparente: é onde falta chocolate!
Se ficar na dúvida, põe mais chocolate e de volta pro gelo. Se a camada ficar muito fina, ela quebra na hora de tirar da forma. Cuidado.

Hora do recheio!
Com os "copinhos" bem durinhos, primeiro vai o
leite condensado, depois a cereja e, em seguida, pode ir mais um pouco de leite condensado.

Por último, é hora de
cobrir com chocolate.
Aí, então, volta pro congelador. Pode deixar até 30 minutos, pois quanto mais gelado, mais fácil é de tirá-los da forma.

Bem, a parte de tirar os bombons é fácil e eu, infelizmente, esqueci de fotografar.
ok, eu estava sozinha sujando as mãos e fotografando... não é super simples!
É só bater a forma de cabeça para baixo contra uma superfície limpa (pode ser a própria pia da cozinha, desde que limpa!). Se for difícil, tenta passar a mão em volta do bombom para que o calor separe-o da forma. Se mesmo assim não der, volta para o congelador por mais uns 15 minutos.

RENDIMENTO: em torno de 20 bonbons (:

Além da opção de recheio de cereja, podem ser feito com castanhas, nozes, passas, somente leite condensado, rum com leite condensado, brigadeiro, morango, uva... O importante é ter criatividade e fazer como gosta!

Uma boa páscoa para todos, muito chocolate e uma boa atividade física em Abril pra compensar! (;

domingo, 7 de março de 2010

Pensando em se casar?

Andando pelo infinito e maravilhoso mundo dos blogs, acabei me deparando com um Flickr. Mas não era um Flickr qualquer, era o deslumbrante Flickr de Carolina Pires. Carolina é uma carioca que já rodou o Brasil se aventurando e hoje é uma extraordinária fotógrafa (que ainda anda um pouco de lá pra cá pelo Brasil), que se diverte muito enquanto trabalha e parece apaixonadíssima pelo que faz.

Seus principais cliques são feitos em festas de casamento, em que acompanha a noiva, o noivo, os amigos e a família toda desde a preparação nos salões de beleza até o final a festa, faça chuva ou faça sol.

Enquanto me maravilhava com as fotografias feitas por ela, inevitavelmente fui salvando as que considerava mais belas e inovadoras.

Fiz, então, um roteiro de casamento super divertido e "apetitoso" para compartilhar aqui.

Espero que aproveitem, degustem e se inspirem, assim como eu!

Tudo começa com a produção! Na verdade, tudo começa com o pedido de casamento, o noivado, o romantismo... Mas isso é coisa intíma de casais e não dá direito a uma terceira pessoa junto (:
Há a produção do rosto da noiva, inclusive com fotos no maior estilo voltei-do-mundo-dos-mortos...
e a produção de seus pés e cabelos, com direito a chinelinhos personalizados e tudo. Super chique! E sempre é boa a companhia da mamãe do lado dando uma mão, nos dois sentidos, é claro.

E há também a produção do noivo, afinal, na lua de mel até o pé precisa cheirar bem!

Depois do embelezamento todo pronto, é hora de terminar a produção! Véus que não acabam mais ainda fazem a cabeça na cabeça das noivas.

E nos pézinhos, sempre sapatos belíssimos e que podem ser usados em qualquer ocasião. Com tanto sapato maravilhoso por aí, aqueles branquinhos tradicionais só para a confirmação nos dias de hoje, e olha lá... Até sapato vermelho rola!

Noiva pronta, maquiada, cheirosa e nas alturas, é hora de ir para a igreja. E como as noivas atuais são muito modernas, até dirigindo elas vão! E olha que não é só uma, não.

E se na chegada a chuva decidir atrapalhar? Isso não é problema, pois guarda-chuva é o que não falta. Tratamento de rainha!

Dentro da igreja rola a benção, rola beijo, rola apenas ouvir e não podia deixar de rolar choradeira! ADORO

Aí há os noivos que saem da forma fofa e tradicional, com latinhas e tudo atrás do carro antiguinho...
e há os noivos que super inovam e saem da igreja de:
Um mais bonitinho que o outro! Hehehe.

Mas no meio do caminho todos sempre dão uma escapadinha!
E um mais charmoso que o outro.

Após a festa da chegada dos noivos, a janta é servida. Ambientes aconchegantes e buffets de dar água na boca. Em seguida, bolo dos noivos e guloseimas; tudo muito delicioso!

Energias repostas, é hora de saber quem será a próxima noiva! Cada buquê de flores lindo de dar inveja.
E além da espera pelo buquê, existe também a listinha com os nomes das solteiras para ser costurado na barra do vestido da noiva para dar sorte e arranjar um noivo logo. Nunca faltam nomes!

Depois disso, é só curtição, muita dança...
bebida no barzinho...
e até show particular da noiva!!

No final da festa, não podemos esquecer das lembrancinhas preparadas com carinho aos convidados e cada vez mais personalizadas, a cara dos noivos.


Depois de uma festa assim, o casamento só pode dar certo!


Espero que tenham se divertido e sonhado tanto quanto eu.
Parabéns à fotógrafa pelas belas imagens captadas que você encontra AQUI ou AQUI e aos noivos, hoje casais.

Todos demonstram muito entusiasmo e sinceridade, o que me faz acreditar cada vez mais não só no amor, mas em um casamento digno e recheado de respeito, carinho e confiança.