segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pra começar bem a semana

Almoço quase todos os dias no mesmo lugar, perto de casa e perto da parada de ônibus que me leva ao trabalho. Às vezes acompanhada, às vezes não, hoje foi um dia em que fui sozinha e, para sair um pouquinho da rotina, não sentei na rua, mas escolhi uma mesa pequeninha entre as tantas já ocupadas dentro do restaurante.

O lugar não é grande, mas é arrumadinho e charmoso e a comida é boa. É o que importa. Deve caber umas 50, 60 pessoas. Muitas das mesas são pequeninhas como a minha escolhida, acho que a maioria: localizado no coração da Cidade baixa, alimenta boêmios que recém acordaram da ressaca ou então pessoas que, como eu, tem só 15 minutinhos livres que sobraram do atraso matinal. Além deles e de mim, muitos habitantes antigos do bairro, quiçá solitários, vão até ali para caminhar um pouco, com a desculpa de que estão indo se alimentar.

Normalmente escolho as mesas externas por motivos que talvez façam sentido só para mim: elas são redondas, na maior parte das vezes estão vazias e também porque gosto de ter um pouco de contato com a natureza presente nesta rua asfaltada e que não pega sol. Acontece que ultimamente Porto Alegre vinha ventando muito, a ponto de eu ter que deixar o saleiro estrategicamente posicionado em cima da minha comanda, para que ela não partisse para sempre, como aconteceu ontem com a comanda do casal no restaurante a meia quadra dali.

Na mesa ao lado da minha, estavam sentados um senhor e uma senhora que já estão no segundo quinquenário de vida, com toda a certeza. Não pareciam ser um casal, mas como nem todo casal parece realmente ser um casal, talvez até fossem. A mulher monologava como se não houvesse amanhã, enquanto o homem apenas ouvia, sem demonstrar muito interesse. Assim como eu, acho que ele preferia as histórias dela a almoçar no silêncio.

Ela falava sobre um filho, neto, sobrinho ou vizinho. O jovem, que fora usuário de maconha, desenvolveu esquizofrenia por causa da droga. Um dia desses, durante uma noite chuvosa, saiu de casa de bermuda e chinelo de dedo para levar o jornal emprestado ao porteiro do seu prédio. Como toda boa história que envolva drogas e transtornos psíquicos, ele só voltou para casa às seis da manhã.

Com essas muitas palavras que ouvi em poucos minutos, sei tudo sobre a vida do moço, mesmo sem conhecê-lo. Sabia também que estava começando a ficar atrasada. Guardanapo passado em volta dos lábios, levantei, botei a cadeira no lugar, pedi licença e saí. Após pagar pela refeição, ainda deu tempo de pegar um cafezinho descuidado, que veio com o triplo de adoçante que o de costume.

Havia começado um dia de mudanças nesse início de semana: sentar na parte interna do restaurante e beber café doce não me pareciam mais coisas tão ruins assim. Fui até a minha parada de ônibus rindo sozinha, encontrei um amigo no meio do caminho, peguei o ônibus na hora certa. O que virá pra terminar bem a semana é que não parece assim tão bom: uma cirurgia me espera no sábado de manhã.

Vou torcer para que o pré-feriado valha a pena e que o pós-feriado passe rapidinho, para chegarmos logo na próxima segunda-feira. Porque hoje é dia de receber e amanhã é dia de sair, então tá tudo certo!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

COMO MELHORAR O SEU HUMOR

…EM POUCOS PASSOS.

 

DEPOIS DE UM LONGO E DIFÍCIL DIA DE TRABALHO, SAIA DE LÁ E SE DEPARE COM A CHUVA NA RUA.

TENHA 4 SOMBRINHAS EM CASA E NENHUMA NA BOLSA. CERTIFIQUE-SE DE ESTAR DE BLUSA BRANCA. NÃO ESQUEÇA DE ESTAR USANDO UMA SAPATILHA NOVA PELA PRIMEIRA VEZ. PLANEJE, COM ANTECEDÊNCIA, SAIR PARA FAZER COMPRAS APÓS O TRABALHO NESTE DIA. TENHA EM MÃOS UM CERTIFICADO IMPORTANTE IMPRESSO EM PAPEL, GUARDADO DENTRO DE UM ENVELOPE DE PAPEL. CASO VOCÊ NÃO ESTEJA LEMBRADO, PAPEL E ÁGUA SÃO ÓTIMOS: PARA FICAREM LONGE UM DO OUTRO!

PARA TERMINAR, SEJA RECEPCIONADO PELO PORTEIRO MAIS AMADO DO SEU PRÉDIO COM UMA RISADA SARCÁSTICA, SEGUIDA PELA FRASE “E ESSA CHUVA, HEIN?!”.

 

DUAS DICAS PARA O PESSOAL AMIGO QUE LEVA GUARDA-CHUVA NA BOLSA:

1. SE ESTÁ CHOVENDO, ABRA O SEU GUARDA-CHUVA E USE! CASO CONTRÁRIO, ME SINTO NO DIREITO DE TIRAR ELE DA SUA MÃO E EU MESMA USAR.

2. SE VOCÊ SEGUE A DICA NÚMERO 1 E USA O SEU GUARDA-CHUVA, VOCÊ NÃO PRECISA ANDAR DEBAIXO DAS RARAS ABAS DE PRÉDIOS. DEIXE ELAS LIVRES PARA QUEM NÃO TEM GUARDA-CHUVA!

 

PRONTINHO!

AGORA, SIM, O SEU HUMOR ESTÁ ÓTIMO!

Tanto quanto o do porteiro filho da puta.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O desfile

Oktoberfest é uma festa que acontece em Outubro com muita cerveja, festa e culinária germânica.

Teve origem em 1810 na Alemanha, em Munique, no estado da Baviera, onde a festa acontece até hoje com litros de cerveja e muita comida.

A Oktoberfest de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, é a terceira maior, ficando atrás apenas da original, de Munique, e da de Blumenau.

Esse ano eu fui assistir ao desfile e à minha mãe desfilar e aproveitei para brincar um pouquinho de foto.

Apreciem. Ou não.

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Tem gente que vai na Oktoberfest beber e tentar engravidar.
Eu vou assistir ao desfile e fotografar.

sábado, 1 de outubro de 2011

E quando chega o dia

E quando chega o dia em que você se vê frente a frente consigo mesmo. Não é mais uma daquelas tardes da infância, em que se encontrar com o espelho é uma festa e podemos admirar-nos pelo período que se fizer necessário, até a mãe chamar para tomar a sopa quentinha em frente à lareira e com a televisão toda ao seu dispor e cobertores coloridos cobrindo os seus pés.

“It’s real life, my son”, já responderia o pai ao menininho no banco de trás do carro após ter saído do dentista, ainda anestesiado.

E quando chega o dia em que você se vê frente a frente consigo mesmo e não tem tempo para pensar e não tem local aonde fugir, nem pai nem mãe nem anestesia para aliviar a dor no peito e afagar o coração pulsante? A decisão precisa ser tomada.
jump
Lendo um e-mail que recebi que falava sobre filhos e coragem, lembrei da minha festa de 15 anos. Como manda o protocolo, na noite da festa o pai da aniversariante tem que fazer um discurso para todos os convidados elogiando a sua filha. Não importa se o pai é tímido ou se a relação com a filha não é tão boa(o que não foi o meu caso, by the way); tem de ser feito.

Resultado disto, é um argumento que usei muito quando queria fazer alguma coisa e o meu pai tentava cortar as minhas asinhas. Naquela noite, mais de cinco anos atrás, o meu pai disse que eu era muito corajosa. Claro que fiquei orgulhosa, o meu pai me chamando de corajosa. Quem não ficaria?! Me lembrei de todas as árvores em que subi quando criança, das vezes que saía para passear segurando um cachorro maior que eu pela coleira, do piercing que fiz escondida na praia, da tatuagem que a minha mãe só soube depois de ver, da bebida que escondi dentro da armário. Uau, quanta coragem!

Mas passaram-se 5 anos desde a primeira vez que ouvi aquele discurso - tenho ele gravado e já assisti muitas vezes de novo, quando tinha que afastar o medo. E em 5 anos as dimensões das palavras e a dimensão de uma vida inteira mudam; tudo se desfaz e refaz tantas e tantas vezes.

Hoje, quando eu ouço a palavra coragem, sei que é muito mais do que a vontade de pular de um avião ou de não temer uma injeção ou uma tatuagem em local muito dolorido. Coragem é a capacidade de tomar decisões arriscadas, tendo a certeza de que, por mais difícil que seja no começo, o reconhecimento virá. É conseguir abrir mão de uma ou outra coisa hoje, para ter algo maior e concreto no futuro. É passar por cima de obstáculos, lidar com pessoas, fundir as próprias medalhas.

Eu não sei qual foi a intenção do meu pai, naquela noite. Será que ele a escolheu para a Amanda de 15 anos que se aventurava perigososamente ou para a Amanda de 20, de 30 e de 50 que tem toda uma vida para decidir?

Tomara que estivesse certo, meu pai.



P.S.: alguém sabe dizer se esse estivesse da última linha tá conjugado corretamente?