segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Eu quero

Eu quero uma casa antiga para poder chamar de minha.

tumblr_l92cfjUgkh1qzfuj2o1_500_large
Eu quero poder reformar a minha casa antiga. Pintar suas portas, trocar suas janelas, deixar as borboletas entrarem na varanda para colher o pólen das flores penduradas em vasos por todas as esquinas antes vazias.

Ela deve ter um pátio grande para rechear de gatos de todas as raças, cores e tamanhos. Deve ter um pátio maior ainda para que caibam todos os sonhos possíveis e quase todos os impossíveis debaixo do céu estrelado das noites claras de novembro.

A cozinha deve ter o charme e a doçura necessários para abrigar os bolos de chocolate dos finais de semana para os netos dos nossos pais. Precisa de espaço suficiente para a Dona Rosa ou a Dona Maria preparar nossas refeições com o melhor tempero do mercado da esquina e se sentir em casa na minha casa antiga.

A sacada do segundo andar da sala da frente terá aquele formato que tanto gostamos. Quando chover, os pingos molharão nossos pés que balançam ao ritmo de and I wonder when I sing along with you  if everything could ever feel this real forever, if anything could ever be this good again que toca no notebook da salinha ao lado.

tumblr_lgk2imYTNo1qfvoi7o1_500_largedream_house_by_oilcorner_large

 

 

 

 

 

 

 




As paredes coloridas que combinam com o nosso astral. Os móveis com a pequena bagunça organizada de sempre. Os meus contacts espalhados por todos os cômodos. As tuas ferramentas que, com o auxílio das tuas mãos, passaram por toda a casa. A tua simplicidade e objetividade harmoniosamente aliados à minha ânsia de decoração e incapacidade de manter tudo no lugar.

A rede no meio das árvores ou entre os postes do fundo para deitar no entardecer e ficar até o horário em que formos obrigamos a entrar, batendo os queixos, depois de muito tempo esquecidos da realidade, entorpecidos, embriagados.

As paredes internas compostas por estantes, abajures, móveis, cabideiros, estatuetas, mesas, cadeiras, flores e armários no lugar de tijolos e concreto frios e mortos. Vida.

Livros e filmes embaixo de cada degrau que dá acesso ao segundo andar. Fotografias espalhadas pelos ambientes. Cores. Luz. Vida, mais uma vez.

Os lençóis pretos que depois de tão procurados foram encontrados na lojinha pequena e antiga tão inesperada. Inesperada como tudo o que nos ocorre. Inesperada como nós mesmos. Os lençóis pretos sobre a cama baixa e sob nossos corpos cansados da correria de tanto trabalho realizado durante o dia e durante a noite.

A 13 metros da minha casa antiga, do outro lado da rua, está a padaria do vovô de cabelos brancos, chapéu na cabeça e sorriso no rosto que nos vende cigarros e chocolate e nos abana de longe, todos os dias.

Nosso cheiro. Por toda ela, o nosso cheiro.

Eu quero o quanto antes eu quero agora a minha casa antiga para poder chamar de minha.

home,house,decor,interior,loft-0ca432a75d9925edec972d2e6d0ecd1b_h_large

escada_2cômodas_organizadas

20090104220320

0 comentários: